Spotlight: Segredos Revelados
conta uma história brutal, que é uma história real. Em 2002 o jornal Boston
Globe iniciou uma série de publicações que denunciava a proteção que a igreja
católica americana fazia para padres pedófilos e estupradores. As publicações
foram bastante completas e esclarecedoras, e mostravam como a igreja católica
atuava para proteger padres criminosos e o porquê os protegia, além de expor o
poder e a influência que a igreja exercia em Boston, para conseguir acobertar escândalos,
mesmo com milhares de vitimas, que essa proteção desprotegeu por anos.
Em 2003 o jornal ganhou o
prêmio Pulitzer na categoria de Serviço Público, pois o seu trabalho acabou
criando mudanças reais, na igreja católica americana, que acabou expondo erros
da igreja até em outros países.
Em cima dessa história brutal e
real, o diretor Tom McCarthy dirigiu e roteirizou (com Jason Singer) o filme,
que venceu o Oscar de melhor longa metragem e de roteiro original na premiação
de 2016. Primeiramente, o filme deve ser encarado como um serviço público, e
como um serviço público, o diretor montou e roteirizou essa obra. Tudo foi
muito bem explicado, mas em nenhum momento ele precisou apelar para explicações
cansativas dentro de falas do roteiro, tudo estava no dia a dia dos
personagens, ou seja, tudo foi explicado dentro de suas rotinas.
Usando um elenco de grandes
atores, com construções de personagens fantásticas, o filme se construiu em
cima da rotina, logo depois que fomos apresentados ao Spotlight junto com novo
redator do jornal, que veio de Miami. Junto do novo redator, vimos que
Spotlight é um departamento destacado do jornal, que de forma sigilosa e
independente, escolhe um tema de investigação que vai trabalhar como um serviço
público para cidade, mostrando corrupção e outros tipos de crimes, que andam
despercebidos na cidade. A chegada do novo redator, que coincidiu com um tempo
ocioso do departamento, trouxe um olhar “estrangeiro” para a nova pauta a ser
trabalhada, que não passava pelo radar do departamento, pois a influência da
igreja era tão grande, que cegava o olhar crítico dos jornalistas, e mesmo com
várias dicas de corrupção, eles nunca pensaram que dali podia sair algo que
valia ser investigado.
A rotina é a decisão de
narrativa brilhante, pois traça em uma linha do tempo contínua, que nos mergulha
dentro da vida dos jornalistas (Católicos ou de criação católica) e suas
investigações, que acabaram mostrando o poder diabólico e devastador que a
proteção da igreja criou nas vidas das vitimas. O filme foi certeiro em não
poupar detalhes, mostrando fatos e expondo os dois lados, da vitima e da igreja.
Assim o filme entregou a
verdade, sem sensacionalismo, sem amenizar ou aumentar fatos e sem criar heróis
e vilões. A verdade foi forte o suficiente para chocar e foi forte o suficiente
para passar a mensagem, mesmo que saibamos que tem gente doente o suficiente
para não se importar com ela.
Texto: Leandro Ferreira
Disponível na HBO GO
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