Gilmore Girls nunca foi uma
série famosa, mas sempre foi uma série de fãs fieis. Antigamente eu achava que
era culpa do mundo que Amy Sherman-Palladino criou para elas viverem, pois elas
falavam muito rápido, numa conversa lotada de referencias, em uma cidade que
beirava insanidade e isso era realmente difícil de acompanhar, mas hoje eu vejo
que a série era difícil de acompanhar por outros motivos, ela era muito
progressista para a sua época e mesmo assim apresentava um roteiro suave, que
era difícil questionar, então era mais fácil ignorar.
Lógico que o canal Warner, que
virou CW não ajudava na audiência, mas se fosse tão boa, tinha durado mais,
veja por Supernatural, que parece eterna e já existia quando Gilmore Girls
ainda estava no ar. Ela era tão progressista, que era até embaraçoso fazer o
teste de Bechdel nela, pois as duas protagonistas e pelo menos mais da metade
das coadjuvantes eram mulheres, elas conversavam entre si o tempo inteiro, e
elas quase não falavam de homens, pelo contrário, falar de homem beirava tabu,
principalmente entre as protagonistas, mãe e filha, Lorelai mãe e Lorelai filha
(A filha é mais conhecida como Rory).
Depois de acompanhar a série
por sete anos, me decepcionei por ela ter terminado como fim de capítulo e não como
um fim de jornada. O último episódio foi melhor que toda a última temporada,
foi gostoso ver, mas não foi o fim que os fãs e a equipe mereciam. Então ela
voltou graças ao poder da Netflix, com a produtora original, que produziu
quatro episódios que percorrem um ano na vida dessas duas grandes protagonistas
e entrega o que os fãs e todos que amam a série mereciam no final, o fim da
jornada.
Todo o elenco original voltou,
e olha que não deve ter sido algo fácil, pois hoje Melissa McCarthy é estrela
mundial e muitos atores emplacaram sucessos na TV, que é o caso de Lauren
Graham (Parenthood), Liza Weil (How To Get Away with Murder), Milo Ventimiglia
(Heroes), Matt Czuchry (The Good Wife) e Jared Padalecki (Supernatural). Alexis
Bledel não fez tanto sucesso como em Gilmore Girls, mas foi protagonista de
filmes e participou de Sin City, mesmo sem destaque, conseguiu uma carreira
sólida. O único que não voltou foi Edward Herrman, que infelizmente faleceu,
então a série começa o seu primeiro episódio de luto.
Dividir a série em quatro capítulos
e cada um com uma estação do ano foi um acerto, pois não deixou a série muito
grande e nós pudemos reviver uma temporada inteira novamente, do jeito que era
antigamente, antes era de Setembro a Maio. Voltamos a ver Lorelai prevendo a
neve no olfato, às loucuras que elas fazem quando são encurraladas, as brigas
entre as mulheres Gilmores e o laço inquebrável que as seguram. Só que essa
temporada é especial, por causa da autenticidade entre os personagens, da
cidade que voltou a pulsar, a relação Lorelai e Luke e Rory cercada de homens,
todos apaixonados, mas o que consegue a sua atenção, nunca sendo capaz de
entregar o que ela mais precisa, que é a liberdade, erro que todos os namorados
cometeram e erro que Luke nunca cometeu com Lorelai. Tudo voltou e tudo estava
normal, a pousada e seus hospedes peculiares, Sookie sendo Sookie, Luke sendo
Luke, Paris sendo Paris, Michel sendo Michel, Lane sendo Lane, Kirk sendo Kirk,
Miss Paty sendo Miss Paty, mas Emily evoluiu, Lorelai evoluiu e Rory amadureceu.
A
série pode continuar, eu vou adorar, mas a conclusão foi perfeita. Uma história
foi escrita, teve inicio, meio e fim, e eu adorei cada minuto dessa jornada.
Texto: Leandro Ferreira
Disponível completa na NetFlix
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